sexta-feira, 15 de julho de 2016

SURREALISMO ANABOLIZANTE



Estava deitado numa cama de pregos ardendo em minhas chamas
Levantei e olhei para o céu com meu terceiro olho
Bem no meio de minha testa eu vi
Aquilo que nunca pude ver
Estrelas e cavalos marinhos voadores
Cães sabor manga
Mais a frente uma estrada dourada
Um homem cego me dá alguns cogumelos e algumas sementes
Diz para eu ingerir tudo aquilo
Fala que seu nome é Uriah o hippie
Diz para eu correr e me apreçar pois a festa dos magos e bruxos irá começar
Não posso perder a cerimônia onde o sangue do bode negro será bebido

Ele enfia uma agulha em meu umbigo para eu me lembrar de quem eu sou durante o caminho
Arranca meus dois olhos com as mãos para eu não me perder com a falsidade dos meus olhos
Diz para eu enxergar com os olhos dos meus sonhos
Minhas fantasias serão os melhores guias
Corta minha língua para que eu não me perca com as palavras do auto - engano
Arranca meu nariz com uma mordida para que eu aprenda a respirar de verdade
Arranca meu coração enfiando sua mão no meio do meu peito
Diz que esse coração velho já não me serve mais
Arranca meus dentes com um alicate
Diz que para poder falar primeiro preciso aprender a morder
Fala que preciso aprender a mastigar aquilo que tiver de engolir
Arranca minhas orelhas e perfura meus tímpanos com um alfinete
Diz que preciso aprender a ouvir aquilo que vem de mim
Que devo aprender a ouvir o que brota de minha alma
Curta minha garganta com uma faca dourada
Para que aprenda a usar minha verdadeira voz
Ele me diz que todo aquele sangue impuro deveria escorrer e sair de meu corpo
Abre uma fenda em meu abdome
Toas as minhas vísceras saem do meu corpo
Ficam penduradas
Meu intestino é arrastado pelo chão enquanto me movo
Ele corta minha cabeça
E pede para eu segura-la com a mão direita
O sangue jorra
Ele diz para eu seguir a estrada e para ir em direção do sol vermelho
Fala para eu não me curvar no meio do caminho e não beijar as bundas que eu encontrar pelo caminho

Sigo em frente
Uma velha bruxa incorpora uma entidade
Rola pelo chão dizendo palavras estrangeiras
Pulo por cima dela
Sigo em frente
As montanhas de peitos gigantes jorram leite no horizonte
Um olho enorme e ameaçador no céu de algodão
Coelhos brancos de dois metros me perseguem
Correndo bem atrás de mim
Eles estão sorrindo
Uma gangue de anões de jardim viciados tenta me bater
Fujo deles
Começa a chover formigas saúvas
Passo pelo demônio do arco íris
Ele não me vê
Está embriagado
Mais a frente eu vejo uma mulher grávida
Está em trabalho de parto
Sozinha no meio da estrada
Um homem de vinte e três ano sai de suas entranhas
Todo sujo
Fumando a placenta da mãe em um cachimbo
Ele pergunta se eu não quero ficar chapado

Golfinhos alados passam sobre minha cabeça
Um deles dá uma imensa cagada em mim
Pego um das nuvens de algodão do céu e me limpo
Devolvo ela para o seu lugar toda cagada e suja

Uma música irritante toca no ambiente
Zumbindo em meus ouvidos constantemente
Percebo que a música vem de um circo mais a frente
Entro no circo e vejo uma platéia de bonecos sem roupas
Imóveis e sorridentes
No meio do circo um elefante e um leão estão domando
Um pequeno a frágil homem
Eles dão chicotadas quando o homem não faz o que ele quer
Eles o alimentam quando o humano faz o que é pedido por seus domadores
No alto do circo
Chimpanzés trapezistas realizam seu show para o grande público de manequins

Faz onze dias que eu não durmo
Faz onze dias que o sono não trepa comigo
Cometi o suicídio
Morri lentamente
Cortei meus pulsos com uma nota de dinheiro
Cortei minha garganta com uma moeda
E bebi o veneno da crença
Morri durante cem anos

O olho no céu pisca pra mim
Os coelhos correm para me pegar
Os mamilos das montanhas tetas espirram leite
Minha cabeça rola pelo chão
Tento correr atrás e tropeço em meu intestino pendurado em minha barriga
Um cão sem as patas para na minha frente e olha pra mim
Ele urina em minha cabeça caída no chão
Depois ele lambe minhas vísceras expostas
Ele olha pra mim e me deseja uma boa morte
Vai embora seguindo na estrada
Enquanto tente me erguer
Um exército de bonecas infláveis vem em minha direção
Tentam me estuprar com suas bocas arredondadas e suas genitálias de borracha
Canto uma música que me veio na cabeça
Elas começam a dançar em pares
Como casais
Um belo baile romântico se forma em minha frente

O terceiro olho em minha testa se abre e se ilumina
O olho gigante no céu conversa comigo
Pergunto a ele onde estou
Ele me responde dizendo que estou na mente de deus
Diz que estou em todos os lugares e em lugar nenhum
Que aquilo tudo é real e fantasia
Que eu sou o criador e a criatura
Que estou na mente do escritor e ele está na minha
Terei que decidir se aquilo vai ser um sonho ou um pesadelo

De repente tenho vontade de cagar
Estou fraco e sem sangue
Sapos alucinógenos pulam em minha boca
Peidos e diarréia
Estou passando mal
Restam-me poucas energias
Tudo morre
Eu morri

Anjos peludos em camisas de força aparecem para me salvar
Grito em pânico
Ontem eu era o nada
Ruminando em minha existência de roedor
Anos de calabouço ou ânus

Desculpe é só uma fase ruim
Fase?
Fase oral fase anal fase fálica ou fase genital?
Não sei pergunte ao tumor de Freud
E a latência?
No meu caso é só a flatulência mesmo
Deu seja louvado
E as bestas no pasto sagrado dizem amém


Vazio
Um poema surge no vazio para finalizar
Para quem não sabe escrever como eu

!

!

?
-               ,                             .

‘’                             ‘’
-               ,         .          ?

!

;


!?!?!?

                                     :

...





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