Paulo era um médico sem escrúpulos. Possuía inúmeros
processos em suas costas e sua licença para exercer a medicina havia sido
cassada. Mas isso não o impedia de realizar as suas barbaridades no fundo de
sua casa, fazia atendimentos, cirurgias pequenas e abortos de maneira
clandestina. Possuía uma clientela muito grande variando de pessoas comuns até
os grandes barões da sociedade como advogados, médicos,juízes ,padres e políticos.
Claro que estes sempre procuravam por seus serviços para realizar abortos nas
meninas que engravidavam destes distintos senhores. Paulo lucrava com grades
quantias em dinheiro por seus trabalhos.
A sua ética era determinada por sua conta bancária.
Sua clínica clandestina não possuía condições mínimas de
higiene parecendo mais um grande açougue de baixa qualidade sanitária. Paulo
era um obscurecido por suas habilidades cirúrgicas e por sua obsessão pelo
dinheiro.
Certa noite a se recolher para o seu quarto enquanto se
preparava para dormir. Paulo ouviu um estranho ruído vindo da sala, o barulho
se assemelhava ao som de um gato miando. Ele pensou que poderiam ser os gatos
dos vizinhos miando do lado de fora de sua casa. Colocou seu pijama e foi se
deitar. Apagou as luzes e deitou sua cabeça no travesseiro. Apesar de cometer
suas barbaridades em sua clínica clandestina durante o dia o seu sono a noite
era o mais tranqüilo de todos. Em sua mente fria não havia lugar para pesadelos,
arrependimentos ou remorso. Mesmo sendo
um infanticida nato Paulo dormia sempre como um bebê. Relaxa com o prazer de
ter concluído mais um dia trabalho bem feito.
No meio da noite ele acorda assustado com um grito agudo e
forte. Ele pensou que novamente poderiam ser os gatos dos vizinhos e que dessa
fez eles estariam se acasalando bem no seu quintal. Nada com o que se preocupar
voltaria ao seu sono muito breve.
A madrugada já trazia a sua música silenciosa aos ouvidos
daqueles que dormiam se preparando para o próximo dia quando outro barulho
irrompeu no meio da sala de Paulo. Dessa vez ele acordou mais assustado, talvez
os gatos tivessem invadido a sua casa. Ele se levantou de sua cama e foi ver o
que estava acontecendo. Desceu para o andar de baixo de sua residência que era
um belo sobrado de quatro dormitórios e algumas suítes. Ao descer as escadas
ele verificou que alguns móveis de sua sala estavam revirados e sujos com
manchas vermelhas que se assemelhavam ao sangue humano. Dessa vez Paulo ficou
preocupado e checou se aquelas manchas eram sangue realmente. Ele se aproximou
e sentiu o forte cheiro de ferro típico de sangue fresco naquelas manchas
rubras em seus móveis da sala. O seu nível de preocupação aumentou naquele
instante e se perguntava de quem poderia ser aquele sangue. Enquanto ele se
questionava sobre as manchas um som horrível ecoou em seus ouvidos. O som era
uma mistura de gritos de gatos no cio com o de choro de bebês recém nascidos. E
naquela mistura de ruídos bizarros um som mais apavorante fazia com o pânico
subisse por toda a sua espinha dorsal. Paulo ouvia paralisado aquele som
terrível se aproximando dele. Os sons misturados o faziam imaginar que atrás
dele havia uma horda formada por centenas de bebês chorando e gritando. Ele
sentiu que além dos gritos algo se aproximava de suas costas. Seu corpo tremia
e suava frio ele estava sentindo pela primeira vez um medo que ele nunca havia
experimentado. De repente algo tocou o seu ombro esquerdo e lentamente ele se
atreveu a olhar para ver o que o estava tocando. Ao mover lentamente sua cabeça
na direção de seu ombro esquerdo Paulo viu que aquilo que segurava o seu ombro
não era humano. Ao invés de ser uma mão como ele imaginava viu uma massa
sangrenta de carne que se movia em movimentos lentos como se fosse um grande
formigueiro atacando ferozmente o seu invasor. Ao ver aquilo Paulo se virou violentamente
para ver o rosto do dono daquele membro asqueroso. Ele logo se arrependeu te
ter se virado pois viu uma figura tenebrosa. Um bolo enorme formado por
carne,sangue,placentas escuras,cordões umbilicais esbranquiçados,fetos de todos
os tamanhos e pequenos bebês prematuros com seus corpos de coloração roxa todos
cobertos com fluídos de um tom levemente amarelado , talvez aquilo fosse o
líquido amniótico. A criatura liberou outro grito agudo e horrível. Centenas de bocas minúsculas se abriram
simultaneamente no corpo daquela figura levemente humanóide. Paulo viu que após
o berro a criatura começou a se mover lentamente. Seu corpo se assemelhava a um
ninho de ratos que não paravam de se mover descontroladamente por todo aquele
bolo de terror. Paulo correu desesperadamente para o andar de cima se trancando
em seu quarto. Ele logo pegou sua arma que ficava guardada numa gaveta de seu
armário. Suas mãos tremiam demasiadamente, mas ele não poderia errar o alvo,
aquela criatura deveria ser parada. Paulo cogitou estar ficando louco por um
momento mas logo viu que tudo aquilo era bem real. A criatura batia repedidas
vezes na porta de seu quarto liberando o seu som monstruoso numa mistura de
choro e gritos. Paulo não pensou duas vezes e disparou alguns tiros na direção
da porta numa tentativa de impedir o terrível ser de adentrar o seu quarto.
Após os tiros um silencio tomou conta do local. O médico se
levantou para ver se a criatura infernal estava morta. Abriu a porta lentamente
e com muito medo. Viu que atrás da porta não havia nada e que o ser abominável
havia desaparecido.
Ele se levantou e se trancou novamente no quarto. Resolveu
chamar algum amigo pelo celular para ajudá-lo. Ele não podia chamar a polícia
para não se comprometer com a sua clínica dos horrores. Ao ligar para um de
seus amigos ele novamente ouviu o grito maldito da criatura e dessa vez o som
estava tão próximo que Paulo desejou morrer ali mesmo para não ter que olhar
para aquela figura temerosa. Ele não se virou, apenas começou a rezar e a
chorar em cima de sua cama mesmo, já estava aceitando a sua morte iminente
desistindo de correr e lutar por sua vida miserável. Em meio aos prantos aquele
homem sem ética e escrúpulos sentiu uma baforada em sua orelha ao mesmo tempo
em que ele ouvia sons gosmentos e pegajosos como ele estivesse ouvindo um
instrumento musical feito de carne,sangue,tendões,músculos,gordura e todo o
tipo de fluído pegajoso se contorcendo e se esfregando. Naquele momento ele só
conseguia pensar nos abortos que ele havia feito e nas centenas de crianças que
ele tivera de eliminar apenas para encher os seus bolsos sem se preocupar com a
saúde das jovens mães que eram levadas até a sua clínica. Enquanto ele pensava
em seus crimes uma dor terrível tomou conta de sua barriga. Ele sentia que algo
crescia em seu abdome. Por causa da massa que crescia em seu corpo ele se virou
e viu a terrível criatura em pé e bem ao lado de sua cama. Aquele monstro
disforme gritava terrivelmente enquanto que a barriga de Paulo aumentava de tamanho
crescendo de maneira desenfreada. Sua barriga se chegou até certo ponto onde
ele se assemelhava a barriga de uma mulher grávida pronta para dar a luz ao seu
filho. Com a dor extrema o doutor acabou desmaiando.
Após alguns minutos de desmaio o médico despertou e logo
percebeu que estava na sala de sua clínica clandestina de fundo de quintal. Viu
que seu corpo estava nu e que estava amarrado na mesa de cirurgia. Ele tentou
se desvencilhar das amarras em
vão. Foi nesse momento que o monstro diabólico de carne fetal
apareceu segurando em uma de suas ‘’mãos’’ um bisturi, seus dedos eram feitos
por perninhas pequenas e em formação de fetos avermelhados.
O ser asqueroso fez um corte profundo no períneo de Paulo
cortando o espaço entre o seu ânus e os seus testículos. O jovem médico urrava
de dor enquanto que a bisonha criatura abria um buraco enorme em seu corpo
segurando e puxando o escroto e o pênis de Paulo para cima e para trás abrindo
cada fez mais aquele vão em seu corpo. As lágrimas da insuportável dor
escorriam pelo rosto daquele homem antes tomado pela frieza de seus atos
abomináveis. Ao abrir o corpo dele o bicho demoníaco enfiou um de seus
‘’braços’’ no interior do corpo do rapaz puxando com violência um pequeno bebê
que estava em seu corpo. Paulo olhou para aquela cena não podendo acreditar
naquilo que seus olhos estavam presenciando, ele tinha acabado de dar a luz a
um bebê. E o mais surreal de tudo isso era que o bebê que havia acabado de
nascer era ele próprio quando era recém nascido. O monstro feito de
placenta,fetos,cordões umbilicais e bebês gritava com o pequeno ser em seus
braços. Em determinado momento seu corpo pegajoso começou a envolver o corpo do
pequeno recém nascido engolindo ele lentamente. Aquele bebê que era o próprio
Paulo agora iria fazer parte daquele pedaço de carne humana ambulante.
Nesse instante o monstro e o médico estavam ligados pelo
cordão umbilical da criança recém devorada. Logo em seguida as
vísceras,músculos,nervos,ossos,sangue e gordura do corpo do médico foram sugados
pelo ser surreal através do cordão umbilical que os ligavam ainda. Um barulho
peculiar era ouvido enquanto Paulo era sugado pela criatura de carne fetal. Era o mesmo som que se ouve quando alguém
chupa com força um milk shake com o seu canudinho. Aos poucos o corpo de Paulo
foi se esvaziando e no final daquela cena seu corpo se assemelhava a um câmera
vazia de um pneu furado ou a um boneco inflável murcho. Só havia restado um
punhado de pele vazia em cima da cama hospitalar.
A criatura cortou o cordão umbilical que o ligava a Paulo se
virou e foi andando lentamente. Em suas costas monstruosas era possível ver o
pequeno bebê Paulo se movendo no meio dos outros fetos e bebês que viviam
naquele corpo asqueroso. Ele agora iria viver naquele corpo decadente por tempo
indeterminado sofrendo as angústias daqueles pequenos seres mortos por suas
mãos inescrupulosas.
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